No final da manhã do último sábado dois gatos mouriscos foram avistados em uma propriedade rural na região Campo Alegre, no município de Tapira. Eles caminhavam pouco acima das margens de um curso d'água, fazendo o trajeto entre dois focos de mata nativa.
Um aspecto interessante é que o felino é considerado solitário, ou seja, a ocorrência de um avistamento com dois exemplares juntos acaba elevando ainda mais o grau de raridade do fato. Além do que, não existe nenhum relato em publicações ou por pesquisadores citando a presença de Puma yagouaroundi no Parque Nacional da Serra da Canastra.
O nome científico do gato mourisco é Puma yagouaroundi. Outros nomes que também são comumente utilizados para tratar a espécie são jaguarundi, gato-vermelho e Gato-preto.
Segundo o Projeto Pró-Carnívoros, o gato mourisco tem corpo delgado e alongado. A cabeça é pequena e achatada, as orelhas curtas e arredondadas, as pernas curtas e a cauda muito longa. Possui coloração variando do preto ou castanho escuro ao avermelhado. Os indivíduos de coloração mais escura estão comumente associados a florestas enquanto que os mais claros são encontrados em ambientes mais secos. Alimenta-se basicamente de pequenos mamíferos, répteis e aves terrestres, podendo eventualmente chegar a utilizar animais de porte superior a 1kg.
Ameaça de extinção
Por estar associado a habitats mais abertos e ter hábitos diurnos (Oliveira 1988), este felino tende a ser o mais frequentemente avistado, razão pela qual a espécie sempre era considerada fora de perigo. Entretanto, estudos populacionais recentes demonstraram que a espécie é muito menos abundante do que se acreditava (Oliveira et al. 2010, Oliveira 2011).
A principal ameaça à espécie é a perda e fragmentação de habitats, que afeta diretamente a sobrevivência dos indivíduos, e é provocada especialmente pela expansão agropecuária.
Embora seja pensado ser em geral mais resistentes à perturbação humana, a perda de habitats tem um impacto negativo sobre a sua probabilidade de ocorrência (Michalski & Peres 2005). Além disso, o pequeno conhecimento sobre a biologia desta espécie, limita a possibilidade de estratégias de conservação eficazes e é classificada pela pelo IBAMA, como ameaçado de extinção.
Em 2011 o ICMBIO (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) realizou um estudo intitulado "Avaliação do estado de conservação do Gato-mourisco", o qual também apontou que o mesmo se encontra em risco de extinção, classificado como Vulnerável (VU) C1, que significa que a espécie está vulnerável quando as melhores evidências disponíveis indicam que enfrenta um risco elevado de extinção na natureza em um futuro bem próximo, a menos que as circunstâncias que ameaçam a sua sobrevivência e reprodução melhorem.
A Sessão Fauna Tapira Teen conta sempre com a efetiva colaboração do biólogo Adilson Luiz Oliveira.