Com a chegada da primavera, uma das maiores preocupações é sobre as temperaturas, e não é para menos. Os eventos de calor extremo têm sido cada vez mais frequentes no Brasil, e há uma forte possibilidade de que novas ondas de calor ocorram ao longo desta estação. Esses fenômenos são difíceis de prever a longo prazo, mas é possível que, em outubro ou novembro, episódios de calor intenso voltem a ocorrer, aumentando os alertas.
Geograficamente, algumas regiões terão maior destaque. No Norte, a chamada "estação do verão amazônico" continua até novembro, estendendo o período de calor extremo nessa região. Durante o verão amazônico, a combinação de dias mais longos, maior incidência de radiação solar e umidade em declínio resulta em temperaturas consistentemente acima da média. Cidades no Amazonas, Pará e Acre poderão registrar temperaturas elevadas durante toda a primavera.
No Nordeste, a atuação do "B-R-O-BRÓ", fenômeno climático típico dos meses de setembro a dezembro, continuará a elevar as temperaturas em estados como Piauí, Maranhão e parte da Bahia. Esse período é tradicionalmente seco e quente, o que acentua ainda mais o cenário de altas temperaturas.
Já no Centro-Oeste, a porção norte, incluindo o norte de Mato Grosso e Goiás, também será impactada por massas de ar quente, elevando as temperaturas além do esperado. Em contraste, a faixa centro-sul do Brasil, que inclui São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, deverá registrar temperaturas mais dentro da normalidade, com pequenas variações acima da média. Isso se deve ao retorno mais consistente das chuvas, que ajudará a equilibrar o calor.
E quanto às chuvas? O retorno da umidade ao Brasil
A primavera é tradicionalmente associada ao retorno das chuvas no Brasil, mas a distribuição dessa chuva será desigual ao longo do país. Para as regiões Norte e Nordeste, e a porção norte do Centro-Oeste, a tendência é de que as chuvas continuem abaixo da média histórica. Isso se deve à influência contínua de massas de ar quentes e de fenômenos regionais como o verão amazônico e o B-R-O-BRÓ, que mantêm o clima mais seco nessas áreas.
No entanto, há boas notícias para as regiões Sudeste e parte do Centro-Oeste. Os modelos climáticos indicam que essas áreas terão chuvas mais frequentes e acima da média para a estação. A previsão é que o retorno das frentes frias e a atuação de cavados (áreas alongadas de baixa pressão) favoreçam a formação de sistemas de instabilidade que trarão um alívio para a seca prolongada.
Uma das previsões mais aguardadas é a possível formação da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) em dezembro, um fenômeno que, quando ativo, provoca chuvas intensas e persistentes em grandes partes do Brasil, especialmente no Sudeste e Centro-Oeste. Isso poderá ser um ponto de alívio para regiões que sofrem com a estiagem desde o outono.
Por outro lado, o Rio Grande do Sul deve permanecer em alerta, pois a previsão é de que as chuvas fiquem abaixo da média durante a primavera. A principal explicação para essa tendência é a condição do Oceano Pacífico, que está mais frio do que o habitual, um fator que historicamente impacta negativamente o volume de chuvas no estado.
Quando a chuva voltará com regularidade e a fumaça desaparecerá?
Com o aumento das queimadas e a densa fumaça cobrindo vastas áreas do Brasil, a pergunta que todos fazem é: "Quando a chuva voltará com regularidade e a fumaça desaparecerá?" O alívio para a poluição do ar e os focos de incêndio começará, segundo as previsões, na primeira quinzena de outubro. Nesse período, a faixa que se estende do oeste de Rondônia ao oeste de Mato Grosso do Sul verá o retorno das chuvas, que irão se intensificar nas semanas seguintes.
De forma geral, a maioria das áreas centrais e parte da faixa norte do Brasil deverá experimentar um retorno mais regular das chuvas na segunda quinzena de outubro, o que trará um alívio significativo para as queimadas e para a qualidade do ar. A primavera, com suas características típicas de chuvas mais frequentes, deverá limpar o cenário de fumaça, ajudando a reduzir os impactos negativos que o Brasil enfrentou nos últimos meses.
Fonte: ClimaTempo