Depois de concluir em 2022 investimentos de R$ 140 milhões em um novo complexo industrial, o Laticínio Scala, de Sacramento (MG), vai se concentrar no aumento da captação própria de leite, na geração de energia renovável e no fortalecimento da sua atuação no varejo.
A companhia, que tem receita de cerca de R$ 1,5 bilhão, investirá R$ 50 milhões na instalação de uma estação de tratamento de efluentes, que vai produzir biometano para geração de energia. A estrutura terá capacidade de 10,8 mil metros cúbicos por dia, ou energia elétrica em torno de 1,5 megawatt (MW).
“Estamos iniciando agora o investimento. Todo o nosso efluente vai ser tratado. Acho que vai ser um diferencial grande em termos de sustentabilidade ambiental”, disse Marcel Cerchi, diretor executivo do Laticínio Scala e filho do fundador da companhia.
O Laticínio Scala também investiu uma quantia não informada na expansão da produção de leite próprio, com a construção de um galpão, com capacidade para alojar 450 animais de leite. Com isso, a captação de leite próprio dobrou, passando de 8 mil para 15 mil litros de leite por dia, com um total de 1 mil animais.
Cerchi prevê a construção de outro galpão futuramente, elevando para 30 mil litros a captação de leite próprio por dia.
O laticínio tem hoje capacidade para processar aproximadamente 700 mil litros de leite por dia. A maior parte do volume é adquirida de 580 fazendeiros parceiros, situados nas regiões do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, regiões próximas à companhia. O Laticínio Scala tem quatro fábricas, três em Sacramento e uma em Salitre de Minas.
Em 2022, a empresa investiu R$ 140 milhões na instalação de um novo complexo industrial em Sacramento. A unidade tem câmara de maturação de parmesão, uma fábrica de fundição de requeijão e também produz queijo parmesão ralado e fracionado. Com o investimento, a empresa dobrou a capacidade produtiva desses tipos de queijos.
Além dos aportes para elevar a produção, em 2022, a companhia também reestruturou a área comercial. Segundo Cerchi, foram ampliadas parcerias no Centro-Oeste, Sul e Nordeste do país. O laticínio era muito focado em atender pizzarias e restaurantes, mas nos últimos anos tem buscado atender mais o consumidor final por meio de vendas no atacarejo.
O Scala atua no mercado com queijos, requeijão, cream cheese e manteiga, além de contar com uma linha de recheios doces. Os produtos são vendidos em 23 Estados, mas a marca é mais conhecida pela liderança em vendas de muçarela para pizzas, sobretudo em São Paulo.
De acordo com o diretor executivo, a companhia prepara uma série de lançamentos para a virada do ano, principalmente de produtos fatiados e fracionados. “Nosso foco agora é crescer no varejo, principalmente de médio porte”, disse Cerchi.
A busca por crescimento se torna ainda mais importante no cenário atual. Segundo o empresário, 2023 tem sido um ano difícil para o setor e a demanda segue reprimida, mas a estratégia comercial permitirá à companhia fechar o período com crescimento de 5% a 7%.
Para o ano que vem, a expectativa é de um desempenho parecido com o deste ano ou um pouco menor, considerando as perspectivas de um crescimento econômico mais fraco no Brasil em 2024 em relação a 2023. A razão, como observou Cerchi, é que o aumento do consumo de laticínios depende muito de um aumento na renda per capita.
O Laticínio Scala foi fundado há 60 anos por Leonildo Luigi Cerchi, um imigrante italiano. Começou como pequena fábrica de manteiga e se modernizou ao longo dos anos, passando a produzir queijos. Em 1994, foi criada a divisão de nutrição animal SCL Agro, para atender os fornecedores de leite do laticínio, mas que também fornece ração para gado de corte, aves, suínos e equinos.
C/ Globo Rural.