Com o intuito de demonstrar aos alunos as grandes transformações que um dos principais vetores econômicos do município sofreu ao longo do tempo, a Escola Paolla Carolina de Melo convidou produtores rurais de "ontem" e de "hoje", além de representantes de uma empresa do agronegócio e outra de extensão agrícola para contextualizar esses cenários.

"No mês de março foi proposto aos professores de geografia, história e português que desenvolvessem atividades voltadas para a história de Tapira, em comemoração ao seu aniversário. Finalizamos o mês recebendo alguns convidados que, em um bate-papo com os alunos, fizeram um paralelo entre o passado e o presente sobre a economia do município envolvendo a agricultura e a pecuária, ambas suportes econômicos desde a criação do nosso município. Os alunos puderam comparar as técnicas e manejos utilizados em tempos passados e perceber a evolução e as tecnologias que hoje favorecem esse trabalho. Ainda confirmaram, através de informações, o quanto nosso município se tornou produtivo e também referência de qualidade, tanto na diversidade de plantio como na qualidade do leite" - explicou a senhora Ana Lúcia Fernandes Araújo, Coordenadora Pedagógica da escola.

Deram sua contribuição no evento os produtores rurais Jorge Barcelos, Reginaldo de Assis Castro e sua filha Amanda Castro, os representantes da empresa Latiícios Scala: Leandro Paschoal (Supervisor) e Adilson Gobbi Júnior (Técnico da Qualidade do Leite), além da Sra. Lilian Cristina Andrade de Araujo - extensionista da EMATER-MG em Tapira.

Para abrir o evento no período da manhã o aluno Luis Eduardo Magalhães, do 9º Ano A, realizou a leitura de um breve relato da história do município e, a aluna Maria Isabel Borges Silva, também do 9º Ano A, recitou uma poesia cujos versos caracterizavam Tapira.

O primeiro dos convidados a falar foi o Sr. Jorge Barcelos, que contou como funcionava a agricultura no município antigamente.

"Antigamente plantávamos apenas nas terras de cultura. O terreno que utilizávamos a minha família cultivou por cem anos. As sementes eram os grãos que tínhamos colhido na safra anterior, o preparo da terra era realizado com a ajuda de arados em carros de boi e o plantio era feito com matracas" - explicou.

Após ouvir os relatos dos primórdios da agricultura local, o produtor rural Reginaldo de Assis Castro e sua filha Amanda Castro, demonstraram através de sua fala as mudanças que ocorreram de lá para cá.

"Hoje contamos com a tecnologia a nosso favor. Todo esse trabalho que foi relatado pelo senhor Jorge Barcelos foi facilitado nos dias atuais. Primeiro preparamos a terra com máquinas agrícolas, corrigimos o solo com fertilizantes e realizamos o plantio e colheita também com modernos maquinários. As sementes que utilizamos são melhoradas geneticamente e garantem boa produção" - contou Reginaldo Castro.

Amanda Castro destacou a produção do Queijo Minas Artesanal Três Irmãos cuja sua família conseguiu certificação e hoje pode ser encontrado em todo o comércio local.

"Investimos em boas práticas e conseguimos o credenciamento do nosso queijo minas artesanal. É um trabalho que é muito complicado para manter o padrão sanitário e de qualidade, mas que agrega valor ao nosso produto. Hoje o queijo que produzimos a maioria de vocês alunos já devem ter visto no comércio local" - destacou.

O senhor Leandro Paschoal, dos Laticínios Scala, falou da atuação da empresa em Tapira e das exigências na captação com o intuito de garantir uma boa qualidade do leite.

"Hoje devemos ter cerca de 130 produtores rurais de Tapira entregando leite para a Scala e apenas uns cinco ainda realizam ordenha manual. Ao longo dos anos as exigências em busca da garantia de uma melhor qualidade do leite aumentaram. O preço do leite pago aos produtores depende desses aspectos de qualidade, como higiene, proteína, gordura e em Tapira temos vários deles que alcançam ótimas médias. Isso é fruto da chegada de tecnologias como ordenhas e tanques de resfriamento, que ajudaram a garantir maior qualidade" - contextualizou.

A extensionista da EMATER-MG em Tapira, Sra. Lilian Araújo, fez um apanhado de várias tecnologias que fomentaram o avanço das fronteiras agrícolas no país e que legaram aos dias atuais altos índices de produtividade. Ela realizou ainda uma dinâmica para citar as culturas que eram importantes no município, levando os alunos a participar ativamente.

"Nós vivemos em um mundo globalizado e as inovações e tecnologias chegam até Tapira. A revolução verde chegou ao Brasil em 1970 e com ela destacou-se a modernização na mecanização, insumos agrícolas e fertilizantes, havendo também o melhoramento genético e a criação de plantas adaptadas a condições adversas como pragas e doenças, que determinaram uma melhoria da produtividade. No caso da soja esses avanços possibilitaram que a soja, que era cultivada apenas no sul do país, chegasse ao Brasil Central e podemos ver o quanto tem soja plantada em Tapira atualmente. Na pecuária, o melhoramento genético animal, através da inseminação artificial, possibilitou melhorias no plantel, com seleção de animais superiores. O advento da ordenhadeira mecânica, que substituiu a atividade manual, parace algo bem simples, mas tem impacto enorme em Tapira, que é uma grande bacia leiteira. Hoje estamos mais preocupados com a sanidade animal, nossas pastagens sofreram melhorias, passaram a funcionar em piquetes rotacionados. Essas mudanças também impactam os jovens da zona urbana, pois a comida que os jovens da cidade comem muitas vezes vem da zona rural do próprio município, garantindo maior qualidade dos alimentos. Hoje há uma grande diversidade de culturas no município e o agronegócio é muito importante no contexto local e vocês jovens são o futuro do município" - falou Lilian Araújo aos alunos.