Uma rede de estudantes universitários, pesquisadores, órgãos governamentais e entidades sociais uniu-se para transformar o plástico de computadores em coletores solares. A ideia do projeto, denominado Própolis - Projeto Polímeros para a Inclusão Social - é reduzir a quantidade de lixo tecnológico, estimular a geração de energia solar e promover a inclusão social.
De acordo com a professora e coordenadora geral do projeto, pelo Centro Universitário Una, Elizabeth Pereira, os computadores antigos que se amontoam em toneladas de lixo eletrônico podem ter uso comercial sustentável. "Estes dispositivos, mais baratos que os convencionais produzidos em cobre, podem ser instalados em residências e edifícios comerciais. E têm a mesma eficiência para converter a luz do sol no aquecimento da água, especialmente dos chuveiros", enfatiza.
A inciativa é fruto de uma parceria entre as universidades UNA, UFMG, Centro Universitário UniBH, Instituição Social Ramacrisna e Comitê para Democratização da Informática (CDI). O financiamento de R$ 3,6 milhões veio da Fundação de Amparo à pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) e da Cemig.
Primeiro, os especialistas do Laboratório de Polímeros da UFMG comprovaram a viabilidade de transformar o plástico em painel coletor solar. Em seguida, pesquisadores dos centros universitários UNA e UniBH produziram os protótipos dos coletores solares, a caixa padrão de medição e protetores para postes de madeira.
Já o CDI, organização internacional de inclusão tecnológica como método de transformação social, está qualificando os catadores de lixo e jovens em situação de risco social de BH para a triagem de computadores e demais resíduos eletrônicos. “Os jovens estão sendo qualificados para atuar na confecção dos coletores solares, desde a coleta e separação dos resíduos eletroeletrônicos até a etapa final de fabricação”, adianta Elizabeth.
O próximo passo será a construção de uma fábrica, no terreno cedido pela Instituição Social Ramacrisma, que também administrará o empreendimento. "A intenção é também oferecer estes equipamentos mais baratos aos programas habitacionais, como o Minha Casa Minha Vida", afirma a coordenadora.
Para a estudante Thaís Danielle Silva Gusmão, de 17 anos, aprender a triar estes materiais abriu mais uma porta: “já tinha feito um curso de montagem de computadores. Agora, aprendi a desmontar e separar os materiais. Estou pronta para trabalhar na fábrica que vai produzir os coletores solares. E posso ainda vender material por conta própria”, conta.
Impacto do lixo eletrônico
Segundo os dados mais recentes da Organização das Nações Unidas (ONU), em 2014 foram produzidos 42 milhões de toneladas de lixo em todo mundo. Só o Brasil foi responsável por 3,33% (1,4 milhão de tonelada). Estima-se que Minas Gerais represente 10% deste total, cerca de 140 mil quilos.
Foto: Divulgação/Ramacrisna